1. A cenografia de Dogville apresenta algumas marcantes características ou atributos detalhados por Jacob (2006), descreva-os e comente-os.
A cenografia de Dogville trata-se de algo completamente não-usual para o cinema, uma espécie de teatro filmado retratado pelo alto, para que possamos conferir as marcações das casas e objetos no chão do palco. A direção de arte não fica apenas nas marcações das casas, mas também na iluminação, as "paredes" ficam escuras e claras, dependendo do momento do dia e em alguns detalhes, como a neve que cai na cidade e nos sons, que retratam momentos como a abertura das portas das casas. .Mais que uma revolução na forma cinematográfica, “Dogville" é uma metáfora da sociedade, de suas instituições e de sua hipocrisia. Explora os sentimentos a cada cena.
2. Em seu texto Elizabeth Jacobb, defende que a abordagem estética de Dogville, em muitos aspectos, desfruta de uma grande proximidade com a obra e a teoria de Bertolt Brecht. Procure pesquisar as propostas brechtianas e comente essa possível inter-relação.
A linguagem cenográfica de Dogville (2003), é trazida de forma incompleta, aprimorando assim uma técnica teatral muito utilizada por Brecht, que é o distanciamento. Essa técnica tem o objetivo de fazer o espectador lembrar que está de frente a uma representação. Ele então deixa de sofrer uma catarse e passa a pensar a obra de uma forma mais crítica.O teatro brechtiniano trabalha a formação de um público crítico e pensador, deixando que ele complete a obra com a sua experiência e seus valores.O estilo brechtiniano é muito simples e muito despojado. A influência do Teatro épico de Brecht, ficou evidente no filme onde temos várias situações que fazem com que o espectador tenha reações contrárias e queira interferir na história, aumentando assim a carga de tensão dramática para o espectador. O desfeche trágico da história evidência as influências do Teatro Brechtiniano que, ao final, causa um alívio no espectador, deixando-o até com uma sensação de culpa por querer vingança.
3. Procure descrever o papel das “cartelas” presentes nos capítulos do filme, exemplificando-o.
A opção estética é perturbadora, chocante mesmo. As casas, ruas e jardins são marcados com giz no chão. Não têm paredes. A cenografia se resume a mesas, camas e uns poucos objetos. O cachorro não passa de um círculo branco. O som, contudo, é muito realista. O círculo branco, por exemplo, late. As portas invisíveis que os personagens abrem rangem e batem com violência. A luz é negra para a noite e branca para o dia. Simples assim.
Sem muitos detalhes detalhes, o cenário cria um ambiente de estranheza que casa perfeitamente com a proposta do autor: manter o espectador totalmente focado na história, nas palavras e nos diálogos. Para isso é adotado uma edição muito dinâmica, repleta de cortes e com algumas cenas colocadas em seqüências levemente fora de sincronia. A falta de paredes também cria diversos momentos impressionantes. A idéia mostra todo o comportamento humano de maneira absoluta, pois funciona como um verdadeiro “Big Brother” durante o filme - o espectador é onipresente, pois vê tudo sem reservas. Dessa forma quando cada habitante revela sua face grotesca ou cruel, apenas a platéia e às vezes Grace confirma a natureza cruel daquela pessoa.
Um bom exemplo disso está numa fortíssima cena que reúne Nicole Kidman e o personagem do ator Stellan Skarsgaard. Enquanto a sequência se desenrola, a câmera vai se afastando apenas para mostrar os demais moradores de Dogville realizando seu afazeres da forma mais normal possível, como se nada de estranho estivesse acontecendo naquele momento. E, na verdade, não está mesmo, pois as paredes só não existem para quem está assistindo.
4. No filme em tela, “[...] a ‘desmaterialização’ dos ambientes faz surgir à verdade dos personagens.” (JACOB, 2006). Procure refletir sobre a relação dessa cenografia fragmentada com o conteúdo e com o enredo da trama.
Em Dogville há uma mulher como personagem central e o isolamento marcado por elementos paisagísticos.o Filme está circunscrito em uma micro – sociedade, se relacionando com o estrangeiro como elemento hostil. Dogville surpreende por tomadas inabituais, pela sua representação extremamente econômica. Além disso violência, vazios e estranhezas também fazem parte de Dogville.
De acordo com Jacob, Dogville trabalha formas de distanciar criticamente o espectador ao mesmo tempo em que manipula habilmente seus sentimentos em relação as representações sociais, gestos,intenções e protagonistas. Ele força o seu espectador a refletir sobre as intenções políticas das atitudes tomadas pelos personagens, fazendo com que as questões suscitadas transbordem o momento de sua projeção, deixando um gosto amargo no ar.
5. Nos primeiros encontros de cenografia, discutimos os principais elementos cenográficos (figurino, cenário, maquiagem, etc.) nas mídias. Já o som não é percebido com a mesma relevância que os outros, sobretudo para os leigos. À luz do que estudamos, disserte sobre o som na cenografia de Dogville.
No cenário de Dogville percebem-se poucos elementos, um chão de madeira alguns objetos, linhas pintadas no chão delimitam as casas como o espectador não consegue a principio identificar bem o cenário os sons são de alta valia para sua melhor compreensão e visão do cenário proposto por Lars Von Trier .Em Dogville temos a ausência de uma trilha sonora, o cachorro não existe o que nos da a certeza de sua existência é apenas seu latido ou seu desenho no chão, na verdade as casas estão lá, mas apenas desenhadas no chão como não temos um cenário comum , digo comum a todas as outras produções cinematográficas, o som torna-se importante para os espectadores entenderem melhor, mergulhar-se no filme nas ações dos personagens, como varrer o chão, abrir uma porta.É interessante como depois de um tempo, o fato de não haver um cenário convencional deixa de ter importância e nos deixa mais centrados nos personagens.
6. Jacob (2006), em vários momentos do texto, pontua a importância da luz e os efeitos que ela produz na imagem fílmica de Dogville. Explane essa importância, por meio de exemplos do filme.
Jacob explica que a luz em Dogville é utilizada para dar destaque a momentos importantes e evidenciar as ações que darão continuidade ao desenrolar da trama. Tanto a presença, como a ausência de luz sugere ao espectador diferentes sentidos. Um bom exemplo é a maneira como diferenciamos o dia, que é dado por um fundo branco, da noite, que é representada por um fundo preto. A luz aparece ainda substituindo a paisagem, como na cena em que Grace abre a janela da casa do cego, onde vemos uma luz alaranjada cobrir toda a cena, simbolizando o pôr-do-sol e a mesma luz vai revelando a cegueira do personagem na impossibilidade de se ver o há do outro lado. “A luz substitui a paisagem quando ilumina a própria cegueira. Luz bela e inquietante suja pela poeira densa dos panos de vidro e absolutamente cega”, ressalta Jacob.
A vista para o despenhadeiro é mencionada, mas não mostrada, é substituída por um efeito de iluminação. O rosto e o relevo dos personagens também são enaltecidos pela luz, que se apresenta em Dogville, como sendo um elemento visual significante, um elemento plástico do espaço.
7. Comente a seguinte afirmativa: “A direção de arte de Dogville tem uma proposta de representação que é promotora de reflexão e perplexidade. Perplexidade está direcionada a nos tirar da convencionalidade do cinema.” (JACOB, 2006).
Dogville é uma produção cinematográfica que está completamente fora dos padrões convencionais, a começar pelo modo como a paisagem é proposta. Dogville é um filme de baixo custo e alta perplexidade. As faltas nos cenários são feitas propositalmente, para que o telespectador possa fazer sua interpretação e busque através de seus valores, e experiências passadas, achar um significado coerente para fazer a compreensão de cada cena . Com isso torna-se necessário que haja uma constante reflexão , já que o filme não está pronto para ser digerido por quem está assistindo, existe uma grande relação de dependência entre o telespectador e o filme em si. A representação proposta pó Lars Von Trier, visa atingir um público extremamente crítico e ativo, que consiga fazer uma grande imersão dentro dos cenários do filme.
Imagem: Wordpress
A cenografia de Dogville trata-se de algo completamente não-usual para o cinema, uma espécie de teatro filmado retratado pelo alto, para que possamos conferir as marcações das casas e objetos no chão do palco. A direção de arte não fica apenas nas marcações das casas, mas também na iluminação, as "paredes" ficam escuras e claras, dependendo do momento do dia e em alguns detalhes, como a neve que cai na cidade e nos sons, que retratam momentos como a abertura das portas das casas. .Mais que uma revolução na forma cinematográfica, “Dogville" é uma metáfora da sociedade, de suas instituições e de sua hipocrisia. Explora os sentimentos a cada cena.
2. Em seu texto Elizabeth Jacobb, defende que a abordagem estética de Dogville, em muitos aspectos, desfruta de uma grande proximidade com a obra e a teoria de Bertolt Brecht. Procure pesquisar as propostas brechtianas e comente essa possível inter-relação.
A linguagem cenográfica de Dogville (2003), é trazida de forma incompleta, aprimorando assim uma técnica teatral muito utilizada por Brecht, que é o distanciamento. Essa técnica tem o objetivo de fazer o espectador lembrar que está de frente a uma representação. Ele então deixa de sofrer uma catarse e passa a pensar a obra de uma forma mais crítica.O teatro brechtiniano trabalha a formação de um público crítico e pensador, deixando que ele complete a obra com a sua experiência e seus valores.O estilo brechtiniano é muito simples e muito despojado. A influência do Teatro épico de Brecht, ficou evidente no filme onde temos várias situações que fazem com que o espectador tenha reações contrárias e queira interferir na história, aumentando assim a carga de tensão dramática para o espectador. O desfeche trágico da história evidência as influências do Teatro Brechtiniano que, ao final, causa um alívio no espectador, deixando-o até com uma sensação de culpa por querer vingança.
3. Procure descrever o papel das “cartelas” presentes nos capítulos do filme, exemplificando-o.
A opção estética é perturbadora, chocante mesmo. As casas, ruas e jardins são marcados com giz no chão. Não têm paredes. A cenografia se resume a mesas, camas e uns poucos objetos. O cachorro não passa de um círculo branco. O som, contudo, é muito realista. O círculo branco, por exemplo, late. As portas invisíveis que os personagens abrem rangem e batem com violência. A luz é negra para a noite e branca para o dia. Simples assim.
Sem muitos detalhes detalhes, o cenário cria um ambiente de estranheza que casa perfeitamente com a proposta do autor: manter o espectador totalmente focado na história, nas palavras e nos diálogos. Para isso é adotado uma edição muito dinâmica, repleta de cortes e com algumas cenas colocadas em seqüências levemente fora de sincronia. A falta de paredes também cria diversos momentos impressionantes. A idéia mostra todo o comportamento humano de maneira absoluta, pois funciona como um verdadeiro “Big Brother” durante o filme - o espectador é onipresente, pois vê tudo sem reservas. Dessa forma quando cada habitante revela sua face grotesca ou cruel, apenas a platéia e às vezes Grace confirma a natureza cruel daquela pessoa.
Um bom exemplo disso está numa fortíssima cena que reúne Nicole Kidman e o personagem do ator Stellan Skarsgaard. Enquanto a sequência se desenrola, a câmera vai se afastando apenas para mostrar os demais moradores de Dogville realizando seu afazeres da forma mais normal possível, como se nada de estranho estivesse acontecendo naquele momento. E, na verdade, não está mesmo, pois as paredes só não existem para quem está assistindo.
4. No filme em tela, “[...] a ‘desmaterialização’ dos ambientes faz surgir à verdade dos personagens.” (JACOB, 2006). Procure refletir sobre a relação dessa cenografia fragmentada com o conteúdo e com o enredo da trama.
Em Dogville há uma mulher como personagem central e o isolamento marcado por elementos paisagísticos.o Filme está circunscrito em uma micro – sociedade, se relacionando com o estrangeiro como elemento hostil. Dogville surpreende por tomadas inabituais, pela sua representação extremamente econômica. Além disso violência, vazios e estranhezas também fazem parte de Dogville.
De acordo com Jacob, Dogville trabalha formas de distanciar criticamente o espectador ao mesmo tempo em que manipula habilmente seus sentimentos em relação as representações sociais, gestos,intenções e protagonistas. Ele força o seu espectador a refletir sobre as intenções políticas das atitudes tomadas pelos personagens, fazendo com que as questões suscitadas transbordem o momento de sua projeção, deixando um gosto amargo no ar.
5. Nos primeiros encontros de cenografia, discutimos os principais elementos cenográficos (figurino, cenário, maquiagem, etc.) nas mídias. Já o som não é percebido com a mesma relevância que os outros, sobretudo para os leigos. À luz do que estudamos, disserte sobre o som na cenografia de Dogville.
No cenário de Dogville percebem-se poucos elementos, um chão de madeira alguns objetos, linhas pintadas no chão delimitam as casas como o espectador não consegue a principio identificar bem o cenário os sons são de alta valia para sua melhor compreensão e visão do cenário proposto por Lars Von Trier .Em Dogville temos a ausência de uma trilha sonora, o cachorro não existe o que nos da a certeza de sua existência é apenas seu latido ou seu desenho no chão, na verdade as casas estão lá, mas apenas desenhadas no chão como não temos um cenário comum , digo comum a todas as outras produções cinematográficas, o som torna-se importante para os espectadores entenderem melhor, mergulhar-se no filme nas ações dos personagens, como varrer o chão, abrir uma porta.É interessante como depois de um tempo, o fato de não haver um cenário convencional deixa de ter importância e nos deixa mais centrados nos personagens.
6. Jacob (2006), em vários momentos do texto, pontua a importância da luz e os efeitos que ela produz na imagem fílmica de Dogville. Explane essa importância, por meio de exemplos do filme.
Jacob explica que a luz em Dogville é utilizada para dar destaque a momentos importantes e evidenciar as ações que darão continuidade ao desenrolar da trama. Tanto a presença, como a ausência de luz sugere ao espectador diferentes sentidos. Um bom exemplo é a maneira como diferenciamos o dia, que é dado por um fundo branco, da noite, que é representada por um fundo preto. A luz aparece ainda substituindo a paisagem, como na cena em que Grace abre a janela da casa do cego, onde vemos uma luz alaranjada cobrir toda a cena, simbolizando o pôr-do-sol e a mesma luz vai revelando a cegueira do personagem na impossibilidade de se ver o há do outro lado. “A luz substitui a paisagem quando ilumina a própria cegueira. Luz bela e inquietante suja pela poeira densa dos panos de vidro e absolutamente cega”, ressalta Jacob.
A vista para o despenhadeiro é mencionada, mas não mostrada, é substituída por um efeito de iluminação. O rosto e o relevo dos personagens também são enaltecidos pela luz, que se apresenta em Dogville, como sendo um elemento visual significante, um elemento plástico do espaço.
7. Comente a seguinte afirmativa: “A direção de arte de Dogville tem uma proposta de representação que é promotora de reflexão e perplexidade. Perplexidade está direcionada a nos tirar da convencionalidade do cinema.” (JACOB, 2006).
Dogville é uma produção cinematográfica que está completamente fora dos padrões convencionais, a começar pelo modo como a paisagem é proposta. Dogville é um filme de baixo custo e alta perplexidade. As faltas nos cenários são feitas propositalmente, para que o telespectador possa fazer sua interpretação e busque através de seus valores, e experiências passadas, achar um significado coerente para fazer a compreensão de cada cena . Com isso torna-se necessário que haja uma constante reflexão , já que o filme não está pronto para ser digerido por quem está assistindo, existe uma grande relação de dependência entre o telespectador e o filme em si. A representação proposta pó Lars Von Trier, visa atingir um público extremamente crítico e ativo, que consiga fazer uma grande imersão dentro dos cenários do filme.
Imagem: Wordpress
Nenhum comentário:
Postar um comentário