terça-feira, 8 de dezembro de 2009

ESTUDO DIRIGIDO DO FILME DOGVILLE

1. A cenografia de Dogville apresenta algumas marcantes características ou atributos detalhados por Jacob (2006), descreva-os e comente-os.

A cenografia de Dogville trata-se de algo completamente não-usual para o cinema, uma espécie de teatro filmado retratado pelo alto, para que possamos conferir as marcações das casas e objetos no chão do palco. A direção de arte não fica apenas nas marcações das casas, mas também na iluminação, as "paredes" ficam escuras e claras, dependendo do momento do dia e em alguns detalhes, como a neve que cai na cidade e nos sons, que retratam momentos como a abertura das portas das casas. .Mais que uma revolução na forma cinematográfica, “Dogville" é uma metáfora da sociedade, de suas instituições e de sua hipocrisia. Explora os sentimentos a cada cena.

2. Em seu texto Elizabeth Jacobb, defende que a abordagem estética de Dogville, em muitos aspectos, desfruta de uma grande proximidade com a obra e a teoria de Bertolt Brecht. Procure pesquisar as propostas brechtianas e comente essa possível inter-relação.

A linguagem cenográfica de Dogville (2003), é trazida de forma incompleta, aprimorando assim uma técnica teatral muito utilizada por Brecht, que é o distanciamento. Essa técnica tem o objetivo de fazer o espectador lembrar que está de frente a uma representação. Ele então deixa de sofrer uma catarse e passa a pensar a obra de uma forma mais crítica.O teatro brechtiniano trabalha a formação de um público crítico e pensador, deixando que ele complete a obra com a sua experiência e seus valores.O estilo brechtiniano é muito simples e muito despojado. A influência do Teatro épico de Brecht, ficou evidente no filme onde temos várias situações que fazem com que o espectador tenha reações contrárias e queira interferir na história, aumentando assim a carga de tensão dramática para o espectador. O desfeche trágico da história evidência as influências do Teatro Brechtiniano que, ao final, causa um alívio no espectador, deixando-o até com uma sensação de culpa por querer vingança.

3. Procure descrever o papel das “cartelas” presentes nos capítulos do filme, exemplificando-o.


A opção estética é perturbadora, chocante mesmo. As casas, ruas e jardins são marcados com giz no chão. Não têm paredes. A cenografia se resume a mesas, camas e uns poucos objetos. O cachorro não passa de um círculo branco. O som, contudo, é muito realista. O círculo branco, por exemplo, late. As portas invisíveis que os personagens abrem rangem e batem com violência. A luz é negra para a noite e branca para o dia. Simples assim.


Sem muitos detalhes detalhes, o cenário cria um ambiente de estranheza que casa perfeitamente com a proposta do autor: manter o espectador totalmente focado na história, nas palavras e nos diálogos. Para isso é adotado uma edição muito dinâmica, repleta de cortes e com algumas cenas colocadas em seqüências levemente fora de sincronia.
A falta de paredes também cria diversos momentos impressionantes. A idéia mostra todo o comportamento humano de maneira absoluta, pois funciona como um verdadeiro “Big Brother” durante o filme - o espectador é onipresente, pois vê tudo sem reservas. Dessa forma quando cada habitante revela sua face grotesca ou cruel, apenas a platéia e às vezes Grace confirma a natureza cruel daquela pessoa.

Um bom exemplo disso está numa fortíssima cena que reúne Nicole Kidman e o personagem do ator Stellan Skarsgaard. Enquanto a sequência se desenrola, a câmera vai se afastando apenas para mostrar os demais moradores de Dogville realizando seu afazeres da forma mais normal possível, como se nada de estranho estivesse acontecendo naquele momento. E, na verdade, não está mesmo, pois as paredes só não existem para quem está assistindo.


4. No filme em tela, “[...] a ‘desmaterialização’ dos ambientes faz surgir à verdade dos personagens.” (JACOB, 2006). Procure refletir sobre a relação dessa cenografia fragmentada com o conteúdo e com o enredo da trama.

Em Dogville há uma mulher como personagem central e o isolamento marcado por elementos paisagísticos.o Filme está circunscrito em uma micro – sociedade, se relacionando com o estrangeiro como elemento hostil. Dogville surpreende por tomadas inabituais, pela sua representação extremamente econômica. Além disso violência, vazios e estranhezas também fazem parte de Dogville.

De acordo com Jacob, Dogville trabalha formas de distanciar criticamente o espectador ao mesmo tempo em que manipula habilmente seus sentimentos em relação as representações sociais, gestos,intenções e protagonistas. Ele força o seu espectador a refletir sobre as intenções políticas das atitudes tomadas pelos personagens, fazendo com que as questões suscitadas transbordem o momento de sua projeção, deixando um gosto amargo no ar.


5. Nos primeiros encontros de cenografia, discutimos os principais elementos cenográficos (figurino, cenário, maquiagem, etc.) nas mídias. Já o som não é percebido com a mesma relevância que os outros, sobretudo para os leigos. À luz do que estudamos, disserte sobre o som na cenografia de Dogville.

No cenário de Dogville percebem-se poucos elementos, um chão de madeira alguns objetos, linhas pintadas no chão delimitam as casas como o espectador não consegue a principio identificar bem o cenário os sons são de alta valia para sua melhor compreensão e visão do cenário proposto por Lars Von Trier .Em Dogville temos a ausência de uma trilha sonora, o cachorro não existe o que nos da a certeza de sua existência é apenas seu latido ou seu desenho no chão, na verdade as casas estão lá, mas apenas desenhadas no chão como não temos um cenário comum , digo comum a todas as outras produções cinematográficas, o som torna-se importante para os espectadores entenderem melhor, mergulhar-se no filme nas ações dos personagens, como varrer o chão, abrir uma porta.É interessante como depois de um tempo, o fato de não haver um cenário convencional deixa de ter importância e nos deixa mais centrados nos personagens.

6. Jacob (2006), em vários momentos do texto, pontua a importância da luz e os efeitos que ela produz na imagem fílmica de Dogville. Explane essa importância, por meio de exemplos do filme.

Jacob explica que a luz em Dogville é utilizada para dar destaque a momentos importantes e evidenciar as ações que darão continuidade ao desenrolar da trama. Tanto a presença, como a ausência de luz sugere ao espectador diferentes sentidos. Um bom exemplo é a maneira como diferenciamos o dia, que é dado por um fundo branco, da noite, que é representada por um fundo preto. A luz aparece ainda substituindo a paisagem, como na cena em que Grace abre a janela da casa do cego, onde vemos uma luz alaranjada cobrir toda a cena, simbolizando o pôr-do-sol e a mesma luz vai revelando a cegueira do personagem na impossibilidade de se ver o há do outro lado. “A luz substitui a paisagem quando ilumina a própria cegueira. Luz bela e inquietante suja pela poeira densa dos panos de vidro e absolutamente cega”, ressalta Jacob.

A vista para o despenhadeiro é mencionada, mas não mostrada, é substituída por um efeito de iluminação. O rosto e o relevo dos personagens também são enaltecidos pela luz, que se apresenta em Dogville, como sendo um elemento visual significante, um elemento plástico do espaço.

7. Comente a seguinte afirmativa: “A direção de arte de Dogville tem uma proposta de representação que é promotora de reflexão e perplexidade. Perplexidade está direcionada a nos tirar da convencionalidade do cinema.” (JACOB, 2006).

Dogville é uma produção cinematográfica que está completamente fora dos padrões convencionais, a começar pelo modo como a paisagem é proposta. Dogville é um filme de baixo custo e alta perplexidade. As faltas nos cenários são feitas propositalmente, para que o telespectador possa fazer sua interpretação e busque através de seus valores, e experiências passadas, achar um significado coerente para fazer a compreensão de cada cena . Com isso torna-se necessário que haja uma constante reflexão , já que o filme não está pronto para ser digerido por quem está assistindo, existe uma grande relação de dependência entre o telespectador e o filme em si. A representação proposta pó Lars Von Trier, visa atingir um público extremamente crítico e ativo, que consiga fazer uma grande imersão dentro dos cenários do filme.



Imagem: Wordpress

terça-feira, 3 de novembro de 2009

WALTER GROPIUS (Carlos Henrique)

Walter Gropius foi um grande arquiteto alemão nascido em 18 de maio de 1865 em Berlim que ficou bastante conhecido por dar nova aplicação funcional à arte e conceber novos métodos e materiais direcionados à construção. É considerado um dos maiores nomes da arquitetura do século XX, tendo sido fundador da Staatliches-Bauhaus (em português “Casa de Construção do Estado”) na Alemanha, ou simplesmente Bauhaus, que foi uma escola que revolucionou nas áreas de design, artes plásticas e arquitetura no último século e que funcionou entre 1919 e 1933. Gropius ainda foi diretor do curso de arquitetura da Universidade de Harvard.

Inicia os estudos de arquitetura em Munique e logo começa a trabalhar com Peter Behrens, um dos arquitetos precursores do estilo modernista. Em 1910 funda seu próprio escritório. Com Behrens sendo sua grande inspiração concebe seu primeiro grande projeto um ano mais tarde, o da Fábrica de sapatos Fagus, na cidade alemã de Alfeld an der Leine. Já se observava a grande contribuição de Gropius para o mundo do design artístico e arquitetônico como os fechamentos em vidro, volumetria pura e estrutura independente, que ainda viriam mais tarde ser bastante úteis para a cenografia.


Em 1915, Gropius casou-se com Alma Mahler, então viúva do músico Gustav Mahler. Entretanto a união durou apenas 8 anos. Teve que fazer um “recesso” forçado durante a I Guerra Mundial, quando Gropius foi convocado para defender seu país. Retornou do confronto bélico como oficial altamente condecorado e então participou do chamado Grupo de Novembro, cujo objetivo era analisar e absorver o legado da revolução de novembro de 1918, que derrubou a monarquia na Alemanha. Foi nesta época de revoluções e mudanças que nasceu a Bauhaus.


A escola surgiu com o ideal de "grande construção" e representava a corrente da nova objetividade. Seu lema inicial era construir a "catedral do futuro" ou "catedral do socialismo". Inspirada nas construções das catedrais medievais, a Bauhaus tentava reunir artes e ofícios para atender à sociedade do futuro, sem contradições e pacífica.


Walter Gropius esteve à frente da Bauhaus até o ano de 1928. Nos primeiros anos seus conceitos foram influenciados pela idéia da "obra de arte total", sintetizada pelo músico Richard Wagner no século XIX, e pela superação dos estilos históricos na arte através da transformação da vida numa experiência estética, difundida pelo filósofo alemão Friedrich Nietzsche.

Acusada de ser judeu e bolchevique pelo governo conservador da República de Weimar, criada logo após o término da I Guerra Mundial, a escola mudou-se para a liberal Dessau em 1925, onde Gropius projetou sua famosa sede funcionalista. Em vez da "catedral do futuro", lema inicial da Bauhaus, a escola passou a defender a integração da arte com a técnica. Sem o apoio dos sindicalistas e trabalhadores e perseguido pelos conservadores, Gropius encontrou suporte e recursos financeiros com os industriais. A política não deixou de marcar tanto o início quanto o fim da escola, fechada pelos nazistas em 1933, que consideravam o modernismo "coisa de comunista".


Temendo ser perseguido pelo regime nazista, Walter Gropius pediu asilo na Inglaterra em 1934. Em seus anos no Reino Unidou uniu-se ao também arquiteto Maxwell Fry em projetos residenciais e escolares da época que influenciarem fortemente a arquitetura local. Em 1937 recebeu um convite da Harvard Graduate School of Design (Escola de Design e Arquitetura da Universidade de Harvard) nos Estados Unidos. Gropius lecionou tornou-se diretor do departamento em 1938, função na qual permaneceu até 1952. Ao chegar à América do Norte projetou a própria casa em que iria morar com sua família, hoje conhecida como Gropius House (Casa de Gropius), na cidade Licoln no estado de Massachusetts. A casa que o arquiteto construiu teve um grande impacto sobre a arquitetura norte-americana com seu “Modernismo Internacional”, pois seu detalhamento manteve fortes ligações com os princípios da Bauhaus, projetada de forma simples, mas bem concebida e erguida com acessórios inovadores como os suportes de luzes de parede de aço e corrimão cromado, assim como na estrutura da casa com paredes de blocos de vidro e estrutura de madeira.

Após tornar-se cidadão norte-americano em 1944, Walter Gropius fundou um ano depois a TAC (“Ordem Colaborativa dos Arquitetos” em português) cujo escritório foi sediado em Cambridge, também no estado de Massachusetts, em conjunto com jovens arquitetos. Em pouco tempo a TAC se tornaria um dos mais conhecidos e respeitados escritórios de arquitetura do mundo. Porém em 1995 decretou falência.

O fundador da Bauhaus esteve no Brasil em 1953 por ocasião da 2ª Bienal de São Paulo. Em sua visita conheceu a Casa de Canoas, projetada pelo arquiteto brasileiro Oscar Niemeyer. Durante o encontro comentou com seu colega de profissão sul-americano que “a casa era bonita, mas não era multiplicável”. Chateado com o comentário de Gropius, Niemeyer retrucou questionando “como alguém poderia falar tanta bobagem com ar de seriedade e como poderia ser multiplicável uma casa que se adapta tão bem ao terreno".


Gropius permaneceu fiel aos seus princípios funcionalistas e universalistas até sua morte, em 5 de julho de 1969 na cidade de Boston, nos Estados Unidos. Além dos projetos mencionados, o arquiteto alemão ainda projetou o prédio residencial para a exposição de arquitetura Interbau em 1957, o prédio do Arquivo da Bauhaus e um conjunto habitacional de 18,5 mil moradias no bairro de Neukölln em Berlim, que hoje leva o nome de Gropiusstadt ou “Cidade de Gropius”, cujos desenhos arrojados são influências constantes nos estudos de arquitetura mundo a fora.



* REFERÊNCIAS

  • DROSTE, Magdalena. Bauhaus-Archiv. Koln: Taschen, 2006 (tr. Casa das Línguas, Lda)
  • GROPIUS, Walter. Scope of Total Architecture. Londres: Allen & Unwin, 1956
  • Deutsche Welle – “1883: Nasce arquiteto Walter Gropius, fundador da Bauhaus” (http://www.dw-world.de/dw/article/0,,3518662,00.html)
  • GROPIUS, Walter; Bauhaus - novarquitetura; São Paulo: Editora Perspectiva.
  • BENEVOLO, Leonardo; História da arquitetura moderna; São Paulo: Editora Perspectiva.




Foto: Louis Held

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Erwin Piscator - Élida



Erwin Friedrich Maximilian Piscator (17 de dezembro de 1893 em Greifenstein-Ulm - 30 de Março, 1966 em Starnberg) foi um diretor de teatro alemão e produtor que, com Bertolt Brecht, foi o principal expoente do teatro épico, uma forma que enfatiza o conteúdo político-social de drama, e não a sua manipulação emocional do público ou de beleza formal. Foi um dos mais importantes encenadores alemães do século XX, pois juntamente com Bertold Brecht foi o principal fundador do teatro épico (género de teatro que trata o contexto sociopolítico).Encenou as suas peças de acordo com as suas teorias sociopolíticas, que influenciaram os eleitores e clarificaram os ideiais das políticas de esquerda,. Fez uma adaptação do drama romântico de The Robbers de Friedrich Schiller, que originou uma grande polémica pois Piscator cortou muito texto e reinterpretou-o como um caminho para as suas convicções políticas.
Em 1927, Piscator funda a influente mas de curta duração Piscator-Bühne, a sua própria companhia de teatro em Nollendorfplatz onde voltou a produzir peças polémicas com conteúdos sociopolíticos.
Apresentações na Broadway
Gotthold Ephraim Lessing, Nathan o Sábio (Belasco Theatre, 1942)
Adaptação teatral do romance de Theodore Dreiser, An American Tragedy, sob o título The Case of Clyde Griffith (encenação de Lee Strasberg)
Filmes
Revolta dos Pescadores (Vosstaniye rybakov). Diretor: Erwin Piscator, Roteiro: Georgi Grebner, Willy Döll, Produtor: Michail Doller, USSR 1932-1934.

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

"Jacques Copeau" por Jaqueline Silva

Jacques Copeau nasceu em 4 de fevereiro de 1879 na cidade de Paris. Foi diretor , crítico e professor de Arte Dramática. Copeau foi um inovador do teatro contemporâneo pela redução dos cenários aos elementos indipensáveis à ação e a eliminação da barreira entre atores e o público, e adoção da cenografia baseada principalmente em efeitos de luz. Jacques se casou e teve dois filhos. Dirigiu a revista literária La Nouvelle Revue Française, criou o Théâtre du Vieux-Colombier que foi o primeiro teatro escola da cidade. Na primeira Guerra Mundial o teatro suspendeu suas atividades mas depois Copeau deu continuidade ao seu trabalho, porém trinta anos depois ele viria a falecer em Beaune na França.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

O que é Cenografia - Élida

É o pensamento transformado em algo como uma tela, palpável, visual onde os personagens também fazem parte da paisagem dando vida e contribuindo para as mudanças deste mesmo cenário.

O PAPEL DO CENÓGRAFO (Carlos Henrique)



















Primeiramente o que é o cenógrafo?

É o profissional que cria e coordena a construção do cenário de eventos e entretenimento nos quais esteja atuando.

Quais suas funções?

A partir da indicação do diretor do evento ele cria o ambiente adequado à ação, seja show, teatro, TV e etc. Ele pode também desenhar maquetes, esboços e plantas. Assim como orienta os trabalhos de adaptação dos cenários naturais e coordena as transformações ou as restituições à forma original dos cenários naturais adaptados.

Onde exercer?

O cenógrafo pode atuar em qualquer área relacionada com o espetáculo (TV, cinema, teatro, shows, etc.)



Foto:

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

O QUE É CENOGRAFIA? (Carlos Henrique)

















Uma das várias definições de cenografia é a técnica de se implementar cenários para espetáculos. Mas essa especialidade não se limita apenas a esse conceito! Cenografia é a arte de criar o espaço da encenação humana. A Cenografia, entretanto, só existe quando é tão viva quanto as pessoas em cena. A matéria cenográfica é o espaço onde se desenvolve a ação e o imaginário humano. O cenógrafo é um criador de imaginações e sua obra uma peça fundamental do espetáculo.


Foto: Felipe Temponi